Teatro

Era uma vez na loja
(Leandro Bertoldo)

PERSONAGENS:


Uma mulher
Vendedora
Dono da Loja
CENÁRIO:

Loja de artigos de costura

A dona da loja está em cena quando entra uma mulher.

VENDEDORA – Pois não, o que deseja?

UMA MULHER – Não, nada... eu só vim dar uma olhadinha...

VENDEDORA – Vinte Reais e sessenta e sete centavos.

UMA MULHER – Como?

DONA DA LOJA – Vinte Reais e sessenta e sete centavos.

UMA MULHER – Não... (sorri) eu não perguntei o preço de nada...


VENDEDORA – Não... (sorri) a senhora não entendeu... vinte Reais e sessenta e sete centavos é o custo da olhadinha.

UMA MULHER – Custo da olhad.... como é que é?! Paga para olhar?

VENDEDORA – Como não... Pagamos pra tudo nessa vida! Pra nascer, pra viver, pra comer, pra vestir, pra beber... até pra morrer precisamos pagar... sabia? Vinte Reais e sessenta e sete centavos.

UMA MULHER – Não... eu acho que não estamos nos entendendo bem...

VENDEDORA – Eu estou entendendo muito bem! Você não veio olhar as mercadorias?

UMA MULHER – Sim, mas...

VENDEDORA – Então! São vinte Reais e sessenta e sete centavos por olhada...

UMA MULHER – Mas isso é um absurdo, minha senhora...

VENDEDORA – Absurdo? Por que?!

UMA MULHER – Ora, por que... porque nunca ninguém cobrou por se olhar nada por aí!

VENDEDORA – Aí a senhora se enganou...

UMA MULHER – Como me enganei? É claro que não me enganei!

VENDEDORA – Se enganou, sim! Primeiramente eu não sou “ninguém”... meu nome é Marineide, e segundo aqui não é “por aí”, é uma loja.

UMA MULHER – A senhora está de gozação comigo...

VENDEDORA – Hum, hum... não estou não... e é bom a senhora ir se apressando porque já está estourando o seu tempo. Daqui a pouco terá que pagar multa.

UMA MULHER – Multa?! Mas multa de que?

VENDEDORA – Multa pós temporal.

UMA MULHER – Multa pós temporal?! Mas o que é isso?

VENDEDORA – É a multa que se paga por ficar determinado tempo na loja e não olhar nada. Ou a senhora acha que vai embora sem pagar?

UMA MULHER – Mas pagar o que se não comprei nada!

VENDEDORA – Não comprou porque não quis, e nem está olhando porque não quer! Mas se vai ter que pagar, ah isso vai...

UMA MULHER – Olha aqui... a senhora só pode estar mesmo é de brincadeira... eu vou embora. Thau!

VENDEDORA – Ah, mas isso é que não! Entrou na loja tem que pagar!

UMA MULHER – Mas isso é um roubo!

VENDEDORA – Roubo é o que a senhora está fazendo!

UMA MULHER - Eu?! Roubando a senhora? Eu não estou entendendo nada...

VENDEDORA – Roubando, sim! Roubando o meu tempo!

UMA MULHER – Ah, roubando o seu tempo...

VENDEDORA – Meu tempo, sim senhora! Poderia estar fazendo um milhão de outras coisas... Tempo é dinheiro!

UMA MULHER – É... estou vendo! Para a senhora tudo é dinheiro...

VENDEDORA– Estamos começando a nos entender...

UMA MULHER – Estamos nada! Estou achando é tudo isso muito absurdo! Quer saber? Eu vou embora e não vou pagar por olhadinha coisa nenhuma!

VENDEDORA – (ficando nervosa) Se não pagar para olhar, então vai ter que comprar!

UMA MULHER – Mas eu não quero comprar nada!

VENDEDORA – Então por que entrou?

UMA MULHER – Entrei... ora, entrei... entrei porque entrei!

VENDEDORA – Então a senhora é assim, é? Entra em tudo? Não pode ver nada que já quer entrar...

UMA MULHER – A senhora já está me ofendendo!

VENDEDORA – Ofendendo está é a senhora! (chorando) O que acha que eu sou? Estou aqui no árduo ofício do meu trabalho quando chega a senhora, me faz perder o meu tempo e ainda quer sair sem pagar?

UMA MULHER – Mas pagar o que se eu não... (suspira) Está bem! Está bem... Calma, calma... Eu estou calma, a senhora está calma... vamos começar de novo... está bem? Estou vendo que não vou sair daqui enquanto não comprar alguma coisa, não é?

VENDEDORA – Hum, hum... (enxugando as lagrimas)

UMA MULHER – Então não tem problema! Vamos começar de novo...

VENDEDORA – (amável) Pois não, o que deseja?

UMA MULHER – Uma agulha para costurar.

VENDEDORA – Ah, não começa...

UMA MULHER – Não começa o que, minha senhora?

VENDEDORA – Todas as agulhas são para costurar!

UMA MULHER – Todas não! Existem agulhas para tocar disco, agulhas para...

VENDEDORA – A senhora está vendo aqui algum disco? E além do mais já estamos na era do CD, filhinha!

UMA MULHER – Sim, mas...

VENDEDORA – O que se faz supor que é uma loja de artigos de costura e, sendo assim, todas as minhas agulhas são para costurar!

UMA MULHER – Está bem, está bem, está bem! (suspira) Me dê uma de suas agulhas.

VENDEDORA – De qual tamanho?

UMA MULHER – Qualquer um!

VENDEDORA – Qualquer um não tem! Tem de 10, de 12...

UMA MULHER – De doze! Me dê uma agulha de 12!

VENDEDORA – Uma só?!

UMA MULHER – Sim! Uma só!

VENDEDORA – Não posso...

UMA MULHER – Não pode?! Mas como assim, não pode?

VENDEDORA – A senhora acha que eu sou besta? Não, olha só pra minha cara e responda: a senhora acha que eu tenho cara de que? A senhora acha que eu sou besta!

UMA MULHER – Eu não estou entendendo....

VENDEDORA – Ah, não está entendendo... a senhora é muito bonitinha... Eu explico, minha senhora, eu explico... A senhora vem aqui, entra na minha loja e agora me pede apenas uma agulha de 12?! A senhora acha que eu sou besta!

UMA MULHER – Mas, mas...


VENDEDORA – Não tem mais, nem meio mais! O negócio é o seguinte: se o preço da olhadinha é vinte Reais e sessenta e sete centavos, a senhora tem que comprar alguma coisa, no mínimo, de vinte Reais e sessenta e sete centavos! Como a senhora me pede apenas uma mísera agulha que custa apenas quinze centavos?!

UMA MULHER – Ah, eu não posso acreditar no que estou ouvindo... A senhora é louca! Lou-ca!

VENDEDORA – Ah, mas isso é que eu não sou mesmo! Louca é a senhora que me pede apenas uma mísera agulha! Se quiser agulha terá que levar... deixe-me ver... (fazendo contas) deixe-me ver... 137,8... bem, arredondando pra menos, para ajuda-la, a senhora terá que levar 137 agulhas.

UMA MULHER – Olha aqui... quer saber de uma coisa? A senhora já me fez perder a paciência! Eu não vou levar nada e nem vou pagar nada, ouviu bem? E tem mais... Se a senhora insistir vou chamar o Gerente para exigir a sua demissão. (começa a gritar) Gerência... eu quero falar com a Gerência!

DONO DA LOJA – Marineide! Marineide, ô, Marineide... está de novo apurrinhando os clientes... vai para dentro, Marineide, vai para dentro! Já te disse para não fazer mais isso... (vendedora sai) Ô, minha senhora, me desculpe... Marineide é nossa empregada, e ela não bate muito bem da cabeça, sabe? De vez em quando peço a ela para ficar na loja enquanto dou uma saidinha, e...

UMA MULHER – Não, não... tudo bem... eu percebi mesmo que... bom... não tem problema...

DONO DA LOJA – Mas o que a senhora deseja mesmo?

UMA MULHER – Não, nada... na verdade eu só passei para dar uma olhadinha...

DONO DA LOJA – Ah, uma olhadinha? Claro! São vinte Reais e sessenta e sete centavos.

UMA MULHER – Ah, não! Vai começar tudo de novo??

FIM.

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Júlia
(Esquete em um ato)

Leandro Bertoldo

Personagens:

Um senhor (de aproximadamente 86 anos)

Uma moça

Cenário:
Um bar.

Ao abrir as cortinas, o senhor está sentado em uma das mesas do bar. Em cima da mesa só uma xícara de chá faz companhia ao senhor que, de quando em quando, sorve um gole. Todas as demais mesas estão vazias. Uma moça, atrás do balcão, arruma copos, limpa alguma coisa, dando a intenção de querer fechar o bar. É noite. De vez em quando lança algum olhar para o senhor que permanece em silêncio até que este se quebra. O senhor, sem se virar para a moça, começa a falar.


SENHOR: Júlia era uma dessas criaturas maravilhosas que enchem de sonhos as nossas mais profundas melancolias. Ela reerguia os escombros do tempo e fazia renascer, de entre seus mistérios mais íntimos e fascinantes de mulher, a flor perfeita e imediata, com tamanha leveza, que faria remoer de inveja as ricas mademoiselles da França. Morava no terceiro andar de um pequeno edifício na rua dos Anjos, num dos bairros de Belo Horizonte. Oh, meu Deus! Já faz tanto tempo... Lembro-me que certa vez, fui com um primo até o prédio onde ela morava, e nessa época eu ainda não a conhecia. Eles estudavam juntos. Pedi a ele que me apresentasse dizendo que eu era um primo seu distante da Espanha, para impressioná-la. Coisa de criança... Eu tinha um brinquedo, não me recordo bem qual, mas me lembro que era escrito em espanhol. Então me pus a decorar o texto explicativo que vinha na caixa, e era com ele que eu pretendia me tornar o mais nobre e perfeito cavalheiro da Espanha. Meu primo não teve coragem - eu o agradeço por isso - e só dois anos mais tarde é que eu soube que Júlia, a minha Júlia, era a mesma dos meus sonhos de grande conquistador . É..., eu queria ser como Don Juan. Mas foi apenas um sonho...

MOÇA: (aproximando do senhor) O senhor aceita mais uma xícara de chá?

SENHOR: Não, obrigado!

MOÇA: É que... Bem... Está tarde... Tenho que fechar o bar... Eu não o conheço e só está o senhor aqui...

SENHOR: Oh, mil perdões! Não me apresentei a você? É essa minha cabeça velha e cansada de 86 anos de idade. Sabe, estou velho minha filha..., Mas não menos feliz! Vivo alegre porque amei, e devo dizer-lhe, amei muito! Sabe como a conheci? Numa partida de peteca. Veja você... Jogávamos juntos, e foi naquele domingo de manhã que tudo começou... Perdemos o jogo, é bem verdade. Ela usava óculos e não enxergava bem a peteca que vinha do alto, e eu não tirava os olhos dela. Naturalmente eu não falo da peteca... Fomos um desastre! E foi assim que nos conhecemos. Até diria que foi assim que vivemos... Jogando... Mas ela foi uma boa jogadora. Era brilhante, como em tudo nela naquele tempo... Tinha uma delicadeza nos gestos, uma forma de falar com tamanha meiguice, que nunca nenhuma princesa de Racine ousaria ter. Aliás, foi assim que a chamei, carinhosamente, pela primeira vez. Princesa... Não podia ser mais adequado... Daí para namorá-la não houve muita distância. A bem verdade é que já namorávamos, mas nunca a havia beijado. Eu era um desses rapazes tímidos que qualquer gracejo era motivo para ficar vermelho. Mas vermelho mesmo eu fiquei quando por fim nos beijamos. Oh, o primeiro beijo... Nunca me esquecerei desse dia... Eu a levei para a escola e durante todo o trajeto eu mal escutava o que ela me dizia. O meu corpo suava, as minhas pernas tremiam por pensar que quando chegássemos à escola eu teria que beijá-la. Eu procurava uma maneira de não me parecer ridículo, ou qualquer coisa assim, frente a uma situação a qual eu nunca havia passado e a qual eu sonhava por tê-la. Quando finalmente chegamos, tudo aconteceu como eu não imaginei. Foi ela quem me beijou... Veja só!.. A história fez mais uma vencedora... Saí dali com o rosto marcado de batom sem me dar conta do porque as pessoas riam. Só fui entender quando cheguei em casa e me olhei no espelho. Tinha mesmo ficado vermelho, literalmente. É..., assim foi os meus dezessete anos contra os quatorze dela. Mais uma vez a gata venceu o cão!

MOÇA: (já sentada) Eram muito jovens, não?

SENHOR: Sim, éramos muito jovens... Talvez tenha sido por isso que nunca encontramos a felicidade juntos. A vida nos apresentou cedo demais. Mas... Não, não foi por isso... Definitivamente.

MOÇA: Como? Não viveram felizes? Mas eu imaginei, senhor... senhor...

SENHOR: Ora, não julgue pelo que não viu, minha filha... O que eu estou lhe dizendo são apenas algumas poucas palavras frente a uma imensidão de acontecimentos. Eu cresci, amadureci e ela também. A partir daí nem tudo foram flores. Eu diria até que a primavera nos foi demasiadamente sem cor. O fato é que sofremos muito nas mãos um do outro. Não nego minha culpa de criatura insegura, mas nunca insensível, ela bem o soube. Mas creio que minha grande culpa foi de não tê-la feito acreditar em mim. Faltou-me essa virtude. Por isso não posso culpá-la totalmente do que fez, do seu distanciamento, mesmo perto, da sua falta de carinho. Eu a fiz sofrer muito... Mas, igualmente, foi o sofrimento que me trouxe. Estava então começando a conhecê-la... Não conseguíamos nos entender, então resolvemos nos separar. Foi quando sua mãe a deixou... Ela nos ofereceu uma ponte de reencontro em que nunca tínhamos pensado poder existir. Sua mãe foi uma pessoa iluminada até mesmo depois da morte... Mas não soubemos aproveitar o último bem que nos proporcionou. Por algum tempo eu me culpei por isso, como me culpei por tantas outras coisas que nos aconteceram. Mas depois... Não! Eu não tinha culpa pela sua falta de amor. Não digo que ela não tenha gostado de mim, mas amor... Ela não sentiu... Só mais tarde é que eu percebi o quanto isso me fez bem a partir de um mal que eu mesmo cometi. Ora, calma! Já vou lhe explicar... Como eu disse, ela não acreditava em mim, e eu falhei no momento em que não briguei por ser diferente. Hoje digo: apenas por isso. A nossa maior diferença é que eu amava enquanto ela apenas gostava. Então ficamos longe por cinco anos, e por cinco anos eu alimentei o sonho de estarmos juntos. Por cinco anos eu tive a certeza de que um dia nos encontraríamos para nos resolvermos por bem ou por mal, mas essa pendência não levaríamos conosco para sempre. Eu não queria levar... E de fato, quando nos encontramos....

MOÇA: O que aconteceu, senhor?

SENHOR: Aconteceu... Bem, aconteceu que ela mudou. Não era mais aquela princesa... Não! Não era mais a minha Júlia. Essa existia apenas no mundo dos sonhos e tinha ficado no passado, ou talvez junto da mãe em algum lugar onde as flores ainda conservam os seus perfumes, mas não ali na minha frente, não ali...

MOÇA: Quem estava ali então, senhor?

SENHOR: Uma mentira, minha filha... Uma pessoa perdida em sua própria fantasia sem cor. Toda ela era uma máscara, uma alegoria dura, pobre e intransigente de menina rebelde e de mulher independente. Toda ela era uma farsa contínua. Parecia que tinha necessidade de se esconder atrás de alguém que não era, de alguém que a fazia nula ante a sua natureza divina de mulher. Fugia do seu próprio tempo, aliás, não o vivia. Vivia o tempo dos outros na idade, na aparência, na forma de ser... Mas como toda mentira que oculta a verdade, eu sabia que atrás daquela armadura covarde existia um ser maravilhoso que um dia despertaria para a realidade..., mas senti ao ter a certeza de que neste dia não estaria ao seu lado. Neste dia teria descoberto que tudo que passamos fora fruto de um acaso, e que ela sofreria por descobrir que esse acaso poderia ter se transformado em amor verdadeiro, amor que ela sentiria nunca ter tido igual, amor dependente de uma única palavra, de uma única aceitação que ela teve nas mãos, no coração e nos lábios... Teve em todo corpo e um dia o cobraria, mas veria que todo ele partira sem rancor, sem mágoa e sem volta para o eterno abismo, no entanto luminoso, do nunca mais... Há coisas, minha filha, que não dependem apenas da vontade do homem, está escrito e determinado, e nós estávamos determinados à felicidade, juntos, apenas por um instante, um momento de aprendizagem... Talvez nos preparando para amar de verdade... Digo isso por mim... Ela me escondia alguma coisa, alguma coisa terrível, eu bem o sentia como o sinto até hoje... Alguma coisa que a fazia ter medo ou até mesmo vergonha, eu não sei... Sabe, por um momento pensei que ela teve medo ou vergonha de ser simplesmente feliz... Mas isso é algo que irá se desvanecer com ela. E é bom que seja assim... Parece que os seres humanos estão fadados ao sofrimento e se glorificam com isso, achando impossível a felicidade e se mantém num constante medo da luz... Mas, oh meu Deus!..., Já é tarde e eu tenho que ir embora...

MOÇA: Espere, o senhor não pode ir embora assim, sem me dizer quem é, de onde veio! Fique mais um pouco, por favor, e acabe de contar sua história!

SENHOR: Desculpe, minha filha... Mas eu não posso... Já fiquei tempo demais... Na verdade nem podia ter vindo, mas como encontrei a porta aberta e achei tão hospitaleiro o seu bar, entrei para tomar uma xícara de chá que há muito não tomava tão gostoso... Mas alegre-se, Deus há de lhe dar um bom lugar pelo favor que me prestou...

MOÇA: Favor? Mas eu só lhe ofereci um pouco de chá!

MOÇA: Fez mais do que isso, minha filha, fez mais do que isso... Me ofereceu a liberdade... Tudo o que disse a você estava preso em mim, me remoendo, me castigando, me fazendo sofrer... E você me deixou fazer o que eu gostaria de ter feito há muitos anos: me livrar desse sofrimento simplesmente me fazendo escutar. Falando a você, eu me livrei de um pesadelo, de um peso que eu carregava e que me forçava a andar sem rumo e sem amor... A história já acabou, minha filha, há muito tempo... E graças a você, agora estou livre e posso ir-me embora...

MOÇA: Espere, diga-me ao menos o seu nome, senhor... senhor....

SENHOR: Adeus.

O senhor deixa umas moedas na mesa, levanta e sai enquanto as cortinas se fecham.

FIM.